O desafio de garantir a Educação em tempos de pandemia

Doroteia Bylaardt
Professora de Ciências e Biologia
Escola Estadual Rural Ariston Ferreira da Cunha
Capixaba - AC

O desafio de garantir a Educação em tempos de pandemia

Tem sido muito importante como professora poder estar refletindo tanto sobre o trabalho do educador. Aceitando este imenso desfio que a vida mesmo nos apresentou. Obrigados todos o nos reinventar. A principal descoberta que faço - e agradeço por isso - é a confirmação de como a educação é essencial para o desenvolvimento e evolução do ser humano, enquanto indivíduo e enquanto sociedade.

Podemos sonhar e filosofar tantas maravilhas e novos caminhos e oportunidades que a educação pode oferecer às pessoas. Não é à toa que é considerada direito universal. E constitucional em nosso país.

Saindo do sonho, da filosofia - espero que não utopia - entramos na rotina diária do sistema que faz funcionar todo o mecanismo de uma escola. Que passa pelo trabalho pedagógico que o professor desenvolve em sala de aula, e inevitavelmente finda se transformando em números e notas que afinal ditam os resultados finais e decretam quem está ou não apto a seguir em frente.

Esta nova realidade mundial com a pandemia, que nos impõe o estabelecimento de novas e diferentes formas de nos relacionarmos, utilizando principalmente as ferramentas virtuais, também nos obriga a replanejar o modo que nossas aulas eram ministradas, e toda esta análise sobre a Avaliação Escolar torna-se bastante pertinente, pois o professor agora precisa observar e registrar o desenvolvimento do aluno à distância. Muitas vezes penso que nada pode substituir o acompanhamento presencial. Mas a vida nos impõe este grande desafio de seguir com a educação, e aos poucos vamos encontrando as respostas.

Cada realidade é uma, e quero neste relato descrever a situação que temos enfrentado em nossa escola que está localizada na zona rural de Capixaba, e atende a alunos que residem em locais de difícil acesso não só das vias terrestres (95% dependem de transportes escolares), mas também das vias de comunicação. A grande maioria das residências não tem acesso à sinal nem de telefone, nem de internet (apenas 15% dos alunos matriculados), e televisão, só para aqueles que tem antena parabólica. O rádio é um meio de comunicação mais acessível.

Então nos deparamos com uma triste constatação: a maioria dos nossos alunos representam esta parcela da população que está excluída do acesso à muitos direitos fundamentais como saúde e educação.

E o que pode ser feito? Como posso estabelecer uma comunicação e o acompanhamento deste aluno? Para poder realizar o registro e uma avaliação qualitativa? Claro que não há como a escola sanar todos estes problemas. E vamos realizando as atividades na medida do possível, procurando nos capacitar para o uso das ferramentas digitais, elaboração de atividades impressas, as videoaulas oferecidas pela SEE, realizando planejamentos pedagógicos para juntos encontrarmos as melhores saídas e podermos garantir o acesso à educação para esta parcela da educação.

Faz-se necessário este relato, pois que a dificuldade de contato com o aluno gera um grande distanciamento, que precisa ser urgentemente analisado, revisado e de preferência resolvido, para que o trabalho pedagógico, o acompanhamento dos alunos e a avaliação escolar não sejam interrompidos.

Para concluir, preciso deixar registrado minha opinião de que faz-se necessário investimento do poder público na localidade, em caráter de urgência, especialmente na ampliação das redes e sinais de internet para que estes alunos possam ter acesso às atividades não presenciais, e para que possamos acompanhá-los em seu desenvolvimento. Para que a Educação ali não pare.